achismos

“Não pense. Se pensar, não fale. Se falar, não escreva. Se escrever, não assine. Se assinar, não se arrependa.” – (suposto) Mandamento da Cúria Romana.

Um amigo querido (e ex-chefe) me ensinou esse mesmo dito como um “ensinamento budista”. Dizia: “não pense; se pensar, não fale; se falar, não aja; se agir, assuma, responsabilize-se.”

Como toda frase de efeito, serve para “justificar” qualquer coisa, mesmo as argumentações paradoxalmente opostas e contraditórias. Serve para ser publicada num blog “de direita” (e reacionário) quanto num “de esquerda” (e delirante), serve para orientar os cardeais católicos ou ensinar ideologia budista em um templo. Tanto faz.

O sentido, para mim, é claro: seja responsável, seja consequente, seja pertinente.

Ninguém quer a *sua* opinião, especificamente, particularmente. O que se quer é a opinião de *todas* as pessoas. Da mesma forma que o *seu* voto é totalmente irrelevante, mas o voto de *todas* as pessoas é fundamental.

É para essa dinâmica que precisamos estar atentos, é sacar que o um “curtir” é ao mesmo tempo “só um curtir” quanto um endosso coletivo a algo, a alguém, a uma forma de se pensar. Replicar uma piada é ao mesmo tempo “uma piada” quanto um reforço de um preconceito ou – pior – uma discriminação.

No ruído dos achismos, o saber se dispersa.

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