morena

publicado na Tribuna da Imprensa

Eu não tenho muito a te ensinar – só sei que você me faz sorrir.  E isso você também sabe
não sei o caminho para a felicidade – só sei que você tem de estar ali do lado na caminhada
não sei o caminho para a loucura – só sei que você me tira do sério com cada sorriso seu
não sei como fazer, só sei te amar

E o meu amor são vários:
é a menina que enfeita a foto do meu mensageiro instantâneo digital
é a minha filha maravilhosa que me recebe feliz, incondicionalmente
é a cidade que é como minha filha, me ama, me expulsa, me rejeita, me recebe com os braços abertos

o meu amor é plural
é da humanidade
e das meninas morenas de olhos verdes que me encantam na paulista
e das morenas brejeiras sambistas sangue bom que me seduzem na lapa
é dos livros encadernados com carinho nas livrarias e na prateleira de casa
e é das músicas que embalam as noites insones

o meu amor é carnal
é sinestésico, sensorial
é de cada gozo, de cada tremor de prazer
é som, cheiro, toque

o meu amor é infinito
e faltam sete dias para encontrá-lo

me ama?

corrente. de novo. 7 coisas.

Rachel me passou essa “gracinha”. Lindo… pelo menos me vingo passando pra frente.

07 coisas que tenho que fazer antes de morrer:

  1. ver Catarina se formar
  2. terminar uma faculdade (qualquer uma)
  3. alugar o meu apê e morar só (por um ano, ao menos)
  4. ir à França
  5. aprender francês
  6. reaprender a sorrir sem medo de ser criticado
  7. achar meu centro e me sentir dono de mim novamente

07 coisas que mais gosto:

  1. abraçar
  2. beijar
  3. namorar
  4. ver o sol se pôr
  5. ver o sol nascer
  6. tomar chope bom
  7. ver um sorriso sincero

07 prazeres fúteis:

  1. colecionar quadrinhos e música digitais
  2. olhar placas de carro e tentar adivinhar como será o meu dia através dos números delas
  3. cheiro de gente de bem
  4. ver as nuvens acinzentarem um céu azul
  5. contar os segundos entre o relâmpago e o trovão
  6. fazer cócegas
  7. ter o computador mais possante que o meu dinheiro consegue comprar

07 coisas que mais digo:

  1. Né?
  2. Então…
  3. E aí?
  4. Caralho!
  5. Puta merda.
  6. Puta que pariu, caralho.
  7. Merda.

07 coisas que faço bem:

  1. beijar (dizem)
  2. escrever (dizem)
  3. falar (dizem)
  4. entender o outro
  5. contar causos
  6. aborrecer o próximo
  7. correntes

07 coisas que não faço:

  1. dirigir
  2. roubar
  3. tomar banho frio
  4. economizar
  5. terminar o que começo
  6. me entregar por completo
  7. assumir minhas incompetências

07 coisas que me encantam:

  1. crianças educadas
  2. olhos verdes (ou azuis, ou violeta)
  3. beijo apaixonado
  4. casal andando de mãos dadas
  5. carinho espontâneo
  6. olhares perdidos
  7. gente que fala sozinha

07 coisas que odeio

  1. desprezo
  2. incompreensão
  3. intolerância
  4. que controlem a minha vida
  5. desconfiança (justificada ou não)
  6. acordar cedo
  7. não ter dinheiro

Teoricamente eu deveria passar esse carma essa corrente para sete amigos. Então vou escolher amigos da blogagi:

Vamos lá: Théo, Lilhá, Lívia, Júnior, Monicake, Júlio, Gabi. Divirtam-se

Carta do dia – O Louco

Momento de voar

A hora é esta, Zander: arriscar-se, atirar-se destemidamente na direção do novo. Ainda que muitas pessoas possam se apavorar e tentar lhe demover daquilo que sua alma interpreta como um novo impulso criativo, não se incomode. As pessoas falam porque estão viciadas em certezas e seguranças. Mas O Louco, arcano zero do Tarot, vem lembrar que, eventualmente, alguma loucura é mais do que bem-vinda! Ponha sua vida em movimento e lembre-se que é sempre momento de recomeçar. Evite o medo e não espere as coisas tomarem uma forma “certa” para agir. Vá!

Conselho: Momento de se atirar em novas direções, sem temor.

Paula

publicado na Tribuna da Imprensa

publicado em Não… Não para!

Ela tinha o péssimo hábito de me desnudar com as palavras. Não havia parte de mim que ela não conhecesse ainda que mal passasse os dias em casa. Chegava, despejava o vinho no copo (sequer tinha a finesse de pedir para que eu a servisse) que pegava dentre os menos sujos da pia, dentre os que estivessem sem restos de cerveja, refrigerante ou batom, e sentava-se ao meu lado estendendo as pernas em cima das minhas.

Eu já me habituara com a convivência despojada de Paula e não me assustava mais quando, dentre aquele desconcerto ambulante, ela sacava um naco de minha alma dentre os dentes.

“Você é um covarde, cara. Diz que pode ganhar o mundo e se contenta apenas com a tevê e esse sexo fácil com incautas que conhece pela vida morna que leva. Quero ver o dia que encontrar uma mulher de verdade. Aí sim você vai tremer nas bases e vai engatinhar implorando o cheiro da calcinha dela.”

Eu olhava com desdém fingido. Já conhecia o número feito e tinha a minha máscara pronta para isso. Obviamente, em nada ajudava em diminuir a dor que a exposição abrupta de minha alma causava. Normalmente, me levantava, pegava um filme ou livro ou um cobertor e assistíamos à tevê. Depois, ela se cansava e partia da mesma forma que entrava. Tinha a chave que eu dera para ela e sabia que a porta sempre lhe estava aberta.

Eu gostava do seu jeito desafiador. Ela me ouriçava de uma forma diferente, mais como uma competidora que uma amante. Queria ver como ela era na cama, mas sabia que daria em nada.

Certa feita, exagerando no vinho de quinta que habitava minha geladeira, deixou aberta a porta frágil das frustrações e eu, canalha de escola centenária, me aproveitei. Disse que os homens de sua vida eram pálidos – apesar de belos, talentosos e ricos – e que eu lhe daria uma lição. Não hoje, pois não gosto da fêmea entorpecida. Gosto da minha mulher consciente do tipo de homem que a penetra. Disse-lhe que ela iria me procurar um dia e eu a colocaria aberta e eu iria mostrar o que a língua de um sátiro era capaz de fazer com as suas dobras, nervos, mucos e lábios. Iria lhe mostrar o que um homem sedento pelo sangue imaturo e faminto por carne jovem é capaz quando a oportunidade se apresenta. Que ela iria viver o prazer gerado de um corpo cansado, malhado pelo tempo, com a energia de uma pilha lenta, que aquece, ilumina e faísca por horas do jeito certo e da maneira exata. Sem explosões ou fúrias. Apenas a calma de quem já fez aquilo centenas e centenas de vezes antes.

Que iria surpreendê-la com posições velhas, com variações nulas e, dentro da repetição, ela iria gozar não uma ou duas vezes, mas uma dezena ao menos e quando suas pernas estiverem bambas de tanto ver tremer e bolinar o que é de atrito, eu a penetraria na meia potência típica dos quarentões sem química para anabolizá-los. E que quando eu estivesse entrando, ela sentiria o que é ser uma mulher em sua totalidade.

Sem glamour. Sem ilusões. Sem mentiras. Apenas o homem no fim das suas forças e a mulher no limite do desejo. E quando eu gozasse, ela veria o resultado do esforço que é fazer uma mulher feliz.

Ela abriu um sorriso e as pernas para mim. Perguntou:

“Hoje?”

texto roubado – Três pontos

Três Pontos

Hoje o que tenho de menos é somente tempo…

Abra os braços que eu estou chegando. Pronto, já cheguei. Agora pode fechar e apertar bem…

Às vezes acho que carrego o mundo nas costas. Logo eu que não me sinto dona do mundo…

Todo mês é a mesma coisa: sou a pior pessoa da face da terra e em seguida, por castigo, sangro 5 dias…

Você está cada dia melhor. Está parecendo vinho e não cerveja…

Partidas

publicado na Trubuna da Imprensa

No metrô do Largo do Machado, o anticlímax. Ele, cheio de mãos e dedos, não sabia como contar que já estava apaixonado. Descobrira nas últimas horas que não poderia mais ficar longe daquela menina. Os óculos, os braços esguios, o sorriso matreiro e o jeito de sambista-suíngue-sangue-bom entraram definitivamente na sua vida. E ele se entregara a esse sentimento perdidamente. Perdidamente.

Ela, ainda com a cabeça cheia das promessas quebradas por um outro rapaz, nem pensava no que aquele olhar queria dizer. Tinha a sua vida a lhe ocupar o core e uma batalha de vida contra o mundo que se apresentava a lhe devorar os sonhos e as vontades de tomar o volante de seu próprio destino.

Abraçaram-se com força. Seio contra seio, face contra face, pernas “entrecoxadas”. Sussurro no pé do ouvido. “Não queria ir embora. Por mim o tempo parava.”

Ela olhou com mais atenção e o sorriso amarelo dele disfarçou o desejo incubado. Ela achou que era mais uma das inúmeras piadas e saiu meio trôpega para pegar o trem na direção da Zona Norte. Ele, teso e frustrado, desceu a galope para pegar o que ia para a Zona Sul.

Perdeu mais alguns minutos olhando as janelas e caçou o seu futuro amor entre as pessoas que esperavam do outro lado. Nada viu. Afundou na cadeira dura e fria e esperou a estação chegar. Na cabeça, repassou as marés emocionais que havia vivido nos últimos anos e sentia que estaria entrando em mais uma encrenca. Podia até fazer um rol de tudo que iria impedir que aquele amor desse certo. Podia listar a diferença de gostos musicais, o salário curto dos dois, a beleza cinética que ela ostentava que contrastava com o charme de tuberculoso dele, das profissões que tomavam o seu pouco tempo livre, da insegurança de ambos em se largar em braços alheios, as responsabilidades que: dela eram todas suas e dele divididas para muitos, os projetos que eram diferentes e até mesmo os sexos que, por si só, já geram idiossincrasias maravilhosas. Em suma: estava contando que tudo daria errado apesar do seu querer que só aumentava a cada estação que passava.

O problema é que não passava a vontade de saltar na próxima estação, pegar o celular e implorar: “Me espera! Eu tô voltando!” Pelo contrário, só aumentava a agonia a cada metro perdido entre os dois. Sabia que a história deles poderia terminar ali, com um “até logo” que logo viraria um “adeus, foi bom te conhecer”. Sabia que aquelas distâncias todas só iriam piorar com o tempo e que o amor da sua vida iria embora junto com os trilhos, as pessoas e as paisagens monocromáticas e subterrâneas que ele acompanhava em desalento pela janela. Sentia na carne mais próxima de sua alma que ele jamais beijaria aquela boca. Que a promessa seria vã e teria de se contentar com os sonhos povoados de fantasmas que rondavam o sono fritado da cama solteira. Sabia que a covardia que o impedira de ser feliz antes, em tantas outras oportunidades, mais uma vez o açoitara. Pior. Iria deixar a cidade naquele mesmo dia.

Ao desembarcar, atendeu o telefone. Era ela. “Não esquece de mim quando se for?” “Nunca. Não me esquece?” “Nunca.”

Mal reconhecia o sorriso bobo no reflexo da janela. Desembarcou pelo lado direito.