assassínio

Cansei de viver o sonho dos outros.
De me amarrar pelas necessidades de alguem.
Quero gritar e não escutar. Falar o que quero e não o reverso.

– Mas este não sou eu.

Vou lutar pelo o que eu quero.
Viver meu instinto, gozar com o meu próprio pau.
Chutar o balde e não me importar com a merda que vai dar.

– Este eu fui. Não sou mais.

Amarei mais, me arriscarei em dobro.
Berrarei aos ventos os meus amores e aos homens os meus horrores.
Trabalharei mais e me empregarei menos!

– Resoluções para outrem, não para mim…

Completarei pelo menos uma obra.
Materei uma pessoa.
Morrei uma centena.

réquiem para a partida

Um viva aos que partem
para nunca mais voltar.
É deles a eternidade, a vida na memória.
Uma ode aos que morrem.
No espaço que deixam em nossos corações, mora a saudade.

Mas seus ossos erigem a necrópole dos atos não realizados,
de sua carne pavimenta-se a estrada da frustração,
a sua pele veste os cardeais da derrota
e suas entranhas argamassam as torres do oblívio.

Mas os seus sonhos, esses tocam a cidade de prata.

futuro

Um dia hei de conseguir ser
– mais forte, para poder saber quando ceder;
– mais bravo, para poder saber chorar;
– mais virtuoso, para saber quando errar.

E, nesse dia, não terei mais as amarras dos meus medos,
os grilhões das minhas incertezas,
as grades das minhas dúvidas.

Serei certo e exato.