// avec Romulo Marques
O Queer Kong não sabe se comportar nas conversas sobre jogos de futebol ou lutas sem barraca ou sem defesa contra o mundo. Se espreguiçava no caminho para Campos. Gelado. Não era verão, absolutamente. Apercebera-se das pessoas que o rodeavam. Levando consigo a semana, o mês, o ano, o mercado, as oscilações da bolsa e aeroportos. Como essa mesma gente vem lasciva, à vontade para levantar da areia sujar a praia.
Se perdeu ao mar. Largou a lata e cinco reais nos óculos do guarda dono da barraca. Viu darem um alento a quem estava no horizonte da praia, uma estação de petróleo e pés.
Os pés cavavam pequenos buracos nos valores, no preço do dólar, no salário, na família, no sexy vôlei de praia, nas flutuações da casa e nesse plano impossível. O rapaz com a barriga de moça com um biquíni havia estado mais horas vendo as nuvens cobrirem o sol da plataforma gelada.
Óleo e aposentadoria à beira-mar, as que faziam carinho nos dedos gomados dos vendedores de comidas no futuro, no passado, nos sonhos, nas praias. Água gelada. Areia gelada, tempo maresia. Mergulhou.
Voltou à areia gelado (quente). A nossa praia.
Acabou de beber a cerveja até à beira d’água. Respirou irregular, o tesão pelo outro, o olhar na barraca armada da areia. Deixou chinelos e mal se apercebera que o dia findava gelado gelado gelado. Era bom estar com os que viravam os olhos d’água na areia das vendedoras de amores, a promessa de luxo perdeu horas olhando o horizonte e mal se espreguiçou em direção a gente.
// para o projeto O Macaco Enxadrista de Jorge Rocha