Não te assustes, meu anjo
são meus demônios que falam agora
e que mordem, e que urram e que ladram.
São eles que blasfemam, que murmuram essas palavras.
São deles esses ais, essas garras.
São eles que te querem soltar as amarras,
extingüir teus medos
aplacar teus receios
tolher tuas peias.
É a eles que tu amas e odeias.
Esses que nos mantém unidos
Esses que te arrancam gemidos.
São meus demônios que te roubam a alma,
a calma, que te atormentam o sono.
Que fazem do braço, abandono
da poesia, heresia.
Que te provocam, que te sufocam.
Não te assustes, meu anjo, não fujas.
São meus demônios que te falam agora.
Enfrenta! Me pega, me exorciza
que eles por uns tempos vão embora.
Ana Paula Mangeon