What kind of kiss are you?

mysterious

You have a mysterious kiss. Your partner never knows what you’re going to come up with next; this creates great excitement and arousal never knowing what to expect. And it’s sure to end in a kiss as great as your mystery.

What kind of kiss are you?
brought to you by Quizilla

I´m waiting for the day

– pós beach boys

Eram três amigos: o Grande, o Gordo e o Burro. Grande era chamado assim porque brincava com todos sobre sua estatura. Era pequeno, bem pequeno. Todo miúdo mesmo. “Eu gosto de armas grandes porque meu pau é curto!” Dizia, ao escolher uma Zweihandder como arma preferida do seu personagem de RPG da semana ou uma M249 no CounterStrike. Fazia isso de brincadeira, é claro. Daquelas brincadeiras que só três amigos entenderiam. A maior parte do papo deles era essa troca de sacanagens sadias que os entretetinham por horas e horas a fio na mesa de bar.

Gordo era o mais calado e o mais sacana dos três. Seus comentários lacônicos eram devastadores. Quase monossilábico, se expressava melhor bebendo, comendo ou rasgando fichas de personagens de RPG. Homofóbico, direitista e anti-estético, era a lady do trio. De certo chorava em propaganda de sabonete com crianças e era o mais empolgado quando saiu da primeira sessão que assitiu do “Sociedade dos Poetas Mortos”. Escondeu lágrimas e soluços no “A Lista de Schindler”. Gordo era assim.

Burro era o falastrão. De prima, diziam que era um gênio. Trabalhava desde os doze anos com programação. Sabia falar de todo e qualquer assunto que pintava em qualquer grupo social. Dizia que não discutia, sofismava. Não debatia, praticava a maiêutica. Enciclopédico, citava duzentos autores sem se repetir. Normalmente ele inventava as citações e os autores na hora. Estranhos se impressionavam com a verborragia e recolhiam as suas armas no embate verbal. “Cara, não sabia que você já tinha usado um mac em 82.” “O mac foi inventado em 84. Eu menti.”

Burro vivia apaixonado. Não aprendia. Mas sempre estava ali, na guerra. Não perdia uma saída com as amigas baranguetes para ver se sobrava uma rapa. Um beijinho na boca de uma menina caída de bêbada que fosse. Mas sempre apaixonado por sua musa, Vênus. Cabelos negros, pele bem branca, olhos negros. Boca vermelha. Fazia merda sobre merda por conta disso, enchia os cornos, pagava paixão em público, cometia poesias. Até pro teatro entrou!

Gordo era um platônico. Apaixonado pela primeira namorada, ainda quando era mais magro, nunca a esquecera. As outras mulheres podiam sentar no seu colo que ele não reagia. Não se sabia se era por medo, timidez ou por inabilidade. Não interessava. Os outros tinham já o seu veredito. “Veado!” Diziam da boca para fora mas sabiam que, no íntimo, Gordo ainda sangrava aquele amor mal-acabado. E nunca iria passar a dor.

Pequero era mais safo com as meninas. Só cantava as lindas, maravilhosas, perfeitas e inatingíveis. Portanto o seu fracasso era mais coroado de méritos, ainda sendo derrotado em cada batalha do bom combate. Juntava-se com Gordo para sacanear Burro nas tentativas de ficar com as mais desarrumadas, desconjuntadas e disformes, mas sabia que Burro tava certo. Ao menos nisso. E sonhava com uma paixão verdadeira, um grande amor.

Cada um foi pro seu canto, ainda que se vissem com regularidade. Gordo foi morar em São Paulo, Burro se formou em Ciência da Computação e Grande virou arquiteto e engenheiro civil. Regularmente viajavam para Sama para zoar Gordo e beber todo o álcool possível daquela cidade.

O tempo foi passando e as viagens começaram a rarear. Gordo casara. “Paulista é muito esquisito mesmo, né Grande?” “Pela primeira vez na vida, concordo contigo.” Cada um foi traçando rumo, trabalhando, estudando, namorando (!) e, eventualmente, saindo para beber.

Nas raras viagens de Gordo de Sampa pro Rio, eles davam um jeito de se encontrar em um boteco novo, previamente aprovado pela seleção de cervejas, petiscos e freqüência feminina, ou apelavam para o bom e velho Sindicato do Chope, na Farme de Amoedo.

“Putaquepariu, caralho. Vocês só vão em bar de veado!” “Porra, o chope lá é bom, e tem história.” “O chope de lá é uma merda, a serpentina tem menos de quinze metros, que é o mínimo aceitável para o líquido sair a quatro graus centígrados que dá tempo para chegar na mesa a dez. Temperatura perfeita para o consumo.” “Ah! Não fode, Burro!” “Burro tá certo. O chope de lá é ruim e só tem veado. Vamos no Bar do Beto.” “Baixo Gávea, então.” “Chope ruim.” “É chope ruim.” “Com gosto de ferrugem.”

Acabavam indo para o Hipódromo mesmo.

Já fazia uns bons ano e meio que não se encontravam. Muito trabalho e email trocado era só de putaria mesmo. RPG não rolava mais. Nem com Burro insistindo para jogar “a nova versão do World of Darkness” ou “no relançamento do do Dungeons and Dragons”. Burro criara um blog pros três, mas pouco postavam por conta de trabalho de cada um mesmo.

Numa tarde, Gordo liga pro Grande: “Tô chegando hoje. Avisa ao viado do Burro que estou na área.” “E a esposa?” “Ex-!” “É ex-posa? HAAHAHAH Tomou pé no cú, cara?” “…” “Er… bom. Te espero no aeroporto. Me liga quando chegar. Tô trabalhando do lado do Santos Dummont.”

Chegou. Foi pego e fez hora no escritório. Gordo tinha um semblante mais fechado, mais triste que de costume. Falou palavra desde que se alojou na frente de um computador que estava vazio. Grande ligou para Burro que confirmou a reserva no Devassa da Barra. “Mas tem de chegar antes das nove senão perdemos o lugar. A serpentina lá tem vinte e cinco metros e a cerveja stout…” “Tá! Tá! Sete e meia passo aí. Gordo se separou. Tá aqui, macambúzio e sorumbático.” “Pô. Não é melhor marcar na Centaurus?” “Porra Burro!” “Sei lá. Vai que ele quer levar seis pra cabine e ficar vendo as meninas correrem peladas dentro do quarto.” “Vamos beber antes. Depois vemos o que rola.”

Chegaram às oito e meia. Mesa boa, dava para ver todo o salão. “Desce três negras. Vocês vão ver! Parece uma Guiness: cermosa, consistente. Uma delícia! Garçom, não deixa o copo secar! Principalmente do meu amigo aqui, esse mais fortinho! Fala alguma coisa, Gordo! Olha lá aquela morena. Ela deve entender do traçado!” “Cala a boca Burro! Porra, não tá vendo que o cara tá maus. Fala Gordo. Como foi a história?” Os dois se calaram e olharam pro Gordo que não tirava a cara inexpressível de quem joga pôquer com a vida. Secou o primeiro chope numa virada. Abriu o menu. Apontou pro garçom uma cachaça. “Traz uma garrafa.” Garçom trouxe e Gordo começou o trabalho.

Fim de noite, Gordo bêbado, Burro bêbado e Grande puto da vida porque tinha de levar os dois para casa.

Eles saindo do Devassa, já quase entrando no carro, param para Gordo vomitar. Burro toma um ar e vê, dentro do bar, dois rostos conhecidos. “Caralho, Grande!” “Eu vi. Vambora.” “Não. É ela!” “Vambora. Isso não vai te fazer bem. Eu tenho um mau pressentimento.” “Tenho de ir lá! Gordo! É ela!” Gordo levanta-se, limpa a baba e recupera-se de pronto. “Luna!” “Putaquepariu. Isso vai dar merda! Pronto. Já deu.”

Grande ficou olhando Gordo e Burro cambalearem para dentro do bar e sentarem-se na mesa das duas. Luna e Vênus. As duas interromperam o beijo e, meio assustadas e meio divertidas olharam as figuras patéticas se acomodarem. Burro, tentando ser galante apesar do álcool e da história; Gordo, apenas mantendo o cenho cerrado, como se criasse uma barragem entre si e ela.

Grande ficou do lado de fora, procurando o telefone no amigo delegado, já prevendo alguma confusão com os seguranças. Espantado, viu as duas se levantarem rindo e os dois pedirem algo ao garçom. Elas saíram do bar e foram até ele. Vênus deu-lhe um beijo na boca. Luna sussurrou-lhe: “Quem teme, não goza.”

Ambas pegaram um taxi que se fundiu à noite.

Grande sentou-se à mesa e juntou-se às libações.

So Have I For You – Nikka Costa

I am a woman with a mission and a past to outdo
I don’t need a gun I’ve got a microphone and a melody or two
Just like the earth has spent a thousand years making up for what we do
So have I for you

Your seeds of misery have sprouted and they try to block my way
The worst gets the better of you and you try to disarm me with an embrace
Just like the heart that’s spent a lifetime forgiving what is cruel
So have I for you

Well mama you can choose the rain but I choose the sun
That’s all I need to free myself

I am a woman with a mission and a past to outdo
I don’t need a gun I’ve got a microphone and a melody or two
Just like the earth has spent a thousand years making up for what we do
So have I for you

I have justified every wave in our ocean
I have covered every range of emotion
And just like the sea has spent eternity at the mercy of the moon
So have I for you

Well mama you can choose the rain but I choose the sun
That’s all I need to free myself

This bird’s gonna fly so high
Watch my sky come undone
Mama you can choose the rain
But I choose the sun

Morre o comediante Ronald Golias

Bom Dia Brasil

SÃO PAULO – Morreu na madrugada desta terça-feira o comediante Ronald Golias, aos 76 anos. Ele estava internado desde o dia 8 de setembro no Hospital São Luiz. Ele morreu de infecção generalizada e falência múltipla de órgãos. Golias ficou conhecido na década de 60 como o Bronco, do seriado ‘Família Trapo’. A família ainda não informou onde será feito o enterro e o velório.

O hospital informou que o falecimento ocorreu às 5h30m e que Golias tinha quadro grave quando foi internado com infecção pulmonar.

Quatro personagens o consagraram como um dos mais divertidos humoristas brasileiros. Além do Bronco, que brilhou na série “Família Trapo”, Golias também se destacou com a Izolda, Bartolomeu Guimarães, e o Pacífico, que dizia “Ô Cride, fala pra mãe”, bordão usado pelos Titãs na música ‘Televisão’, sucesso dos anos 80.

Além da mania de fazer caretas, seja qual for o personagem que esteja interpretando, Ronald Golias era conhecido como o rei do caco (frases ditas fora do roteiro).

Sobre o pequeno número de personagens usados ao longo da carreira, Golias recorria a exemplos de comediantes de sucesso no exterior.

– Não há necessidade de ter muitos personagens. O comediante italiano Totó foi sempre Totó e o mexicano Cantinflas fez o mesmo papel a vida inteira – justifica.

The Ghost of You

– pós The Tears

“Quando eu digo que Manhattan é o meu filme, ou melhor, o filme da minha vida, as pessoas não entendem de prima. Mas quando explico que o filme trata de escolhas erradas, de atitudes exageradas sem sentido, de bad timing genético, aí que elas discordam mesmo de vez. O problema é que elas não vestem a minha pele. Não usam os meus óculos. E eu só aprendo quando olho para trás. Mas isso não evita que eu bata novamente com a cabeça no poste, quando ando pela rua da vida.”

Ouvia quieto o artista ler o seu ensaio em voz alta. Estava entre enebriado e intimidado por ficar entre tantas pessoas desconhecidas e se segurava na sua máquina fotográfica como se fosse uma muleta, um escudo. Enquanto fotografava não precisava se apresentar ou justificar porque estava olhando atento a um casal ou a um grupo menor no canto. Tinha a desculpa do olhar do fotógrafo, daquele que tenta ver além do que é mostrado, de quem procura o detalhe. No caso, ele apenas procurava um canto para se esconder e se deliciar com o espetáculo das emoções humanas.

Por vezes cumprimentava um ou outra que o reconhecia do seu site, de uma foto que tinha postado ou de um outro encontro de internautas. Era conhecido por ser esperto e comunicativo, mas hoje estava mais taciturno que nunca. Nunca tinha estado naquele sebo apertado e lotado de gente.

O artista terminara sua leitura e outro tomara o seu lugar. Era uma menina. Não. Uma mulher. Linda, linda. Alta, reluzente. Os olhos brilhavam com fúria e tesão. Ele se ajoelhou para achar um ângulo melhor. Bateu seis fotos default e descansou a câmera no colo. No fim do texto, mal continha os soluços. Não poderia ficar muito tempo no mesmo lugar que ela. Não com tanta gente em volta.

Saiu desastrado no fim do evento sem se despedir dos conhecidos. Só foi guardar a câmera ao chegar na Siqueira Campos, três quadras depois do burburinho da loja. Subiu a rua ainda tonto, embriagado com as próprias emoções. Passou em frente do Bar Pérola e resolveu se encostar lá mesmo. Não trabalhararia no dia seguinte então poderia encher a cara com tranqïlidade.

Lá pelo décimo chope, viu que um tipo diferente de gente estava entrando bar adentro. Demorou um pouco para se encontrar no meio da embriaguez mas reconheceu parte do público que estava no evento literário. “Fala fotógrafo!” disse um mais animado “Pronto. Perdi o meu nome.” Pensou.

E no meio deles, lá estava ela.

“Olá.” Tremeu dos pés à cabeça. Precisava mijar. Agora! “Já volto.” Foi se aliviar no banheiro e voltou para o seu ponto de partida mais enxuto. “Olá.” Disse apressado, enxugando as mãos na calça. “Eu gosto muito das suas fotos, sabia?” “Você disse isso da outra vez.” “Mas não canso de repetir.” “O que você quer de mim?” “Nada.” “É o que eu temia.” Disfarçou um sorriso amarelo. “Você é bobo. E eu gosto disso.” “Não sou bobo. Sou mordaz e cínico. Às vezes até mau. Mas você me desmonta, sabe disso.” “Sei. E eu gosto de te desmontar.” “Mas acho que não quero mais passar por isso. Já passei boa parte de minha vida orbitando em estrelas maiores que ti e me recuso a ficar apagado na tua presença.” Ela olhou com um quê de doçura e um outro tanto de sarcasmo. Chegou bem perto. Sussurrou no seu ouvido. “Querido. Isto é impossível. Meu brilho é maior que o seu.” Afastou-se com um sorriso aberto, como se fosse uma criança brincando de dar foras decorados numa outra.

Desequilibrou-se de dentro para fora. Pagou a conta e arrastou-se para o seu apartamento. Perdeu-se no caminho entre a Siqueira e a Bolívar. Perdeu-se em cada boteco fedido que encontrava no caminho.

Amanheceu em casa, sem entender direito o que acontecia. A cabeça doía como um parto e ele xingava cada gota de álcool ingerida.

Foi até a sala e deparou-se com ela saindo do banheiro enrolada numa toalha. “O que você está fazendo?” “Me enxugando.” Não entendeu. “Você não se lembra? Voltou ao Pérola. Declamou poesias. Cantou Chico e Belchior, me carregou no colo e me amou o resto da noite. Meia-bomba, a bem da verdade, mas dou um desconto. Nunca vi homem ficar bem com tanto álcool no sangue.” “Não lembro mesmo.” “Como assim? Você é o guardião da memória, não é? É aquele que é senhor do raciocínio e do pensamento.” “É o que eu dizia na escola, e só você dava bola para isso. Hoje me esqueço das coisas e quero esquecer o mundo.” “Você tem a alma do artista, a habilidade do…” “Pára! Você sabe o quão mal isso me faz. Não precisava te encontrar. Não hoje. Larguei tudo para trás quando nós nos encontramos. Deixei estabilidade e vida morna e previsível para cair nos braços de Luna. Enlouqueci porque tinha de provar o lado de Hecate, tinha de passar por tudo isso e magoei quem eu não queria e quem eu não podia. No fim das contas, o único que se fodeu fui eu mesmo. E, quando mais precisava do teu lastro, mais precisava do teu porto seguro, você me negou. Agora vem você me tentar novamente? Vai para a sua terra. Me deixa.”

“Seu desejo é uma ordem.” Disse ela vestindo a saia. Compôs-se com habilidade e destreza de quem estava acostumada a devorar gente como se fosse um McLixo qualquer.

“Não. Péra.” “Querido, você já é passado. Só queria ter um gosto da tua memória. E, sinceramente, preferia ter esquecido.” Saiu pela porta elegantemente.

Sentou-se no sofá e não encontrou o pranto necessário. A cabeça doía demais.

Morre o ator Don Adams, imortalizado no papel de Agente 86

26/09/2005 – 17h45m

Globo Online – EFE

RIO – O ator Don Adams, que interpretava o Agente 86 na série “Get Smart”, morreu neste domingo, de uma infecção pulmonar, em Los Angeles.

Seu agente e amigo, Bruce Tufeld, informou que a saúde do ator, de 82 anos, estava muito frágil desde que ele fraturara o quadril no ano passado.

Adams nunca conseguiu se sobrepôr à fama que conquistou com esse clássico televisivo da década de 60, que mostrava a outra face dos agentes secretos: trapalhões, muito diferentes do conquistador e popular “agente 007” das histórias de Ian Flemming.

Criada pelo humorista e diretor Mel Brooks, a série estreou em setembro de 1965 com Adams no papel de Maxwell Smart, o Agente 86. O êxito foi imediato e “Get Smart” ganhou várias indicações de prêmios como o Globo de Ouro e o Emmy. Este último o próprio Adams venceu três vezes, na categoria de melhor ator de séries cômicas.

As trapalhadas do Agente 86 se tornaram populares no mundo todo, assim como seus avançados objetos de espionagem, como o “sapato-fone” e o “cone do silêncio”, fornecidos pela agência Controle. A relação entre Adams e sua parceira, a “Agente 99”, interpretada por Barbara Feldon, acabou em casamento na série, onde tiveram gêmeos.

Adams nasceu em Nova York, em 13 de abril de 1923, com o nome de Donald James Yarmy. Casou-se três vezes, uma delas com Adelaide Adams, de quem adquiriu o sobrenome artístico. Foi escolhido para o papel após ter atuado no show de Bill Dana, onde fazia um atrapalhado detetive de hotel. Adams viveu o Agente 86 com muito empenho, arriscando-se até em cenas de luta, o que acabou lhe rendendo várias fraturas.

Smart, Maxwell Smart

Wouldn’t It Be Nice

– pós Beach Boys (obrigado, Lia! Que disco foda!)

Saltou na Barata Ribeiro como se descesse da ante-sala do Inferno, enfim liberto das agruras e torturas diárias a que se submetia. Vendia coisas que não importavam a pessoas desinteressantes e tentava convencer outras pessoas desinteressantes que as coisas que vendia eram importantes e seus clientes eram interessantes. Mas nada disso tem importância, exceto o simples fato que ele descia do 127 Praça Mauá – Copacabana como se deixasse o Inferno após pagar o todo o seu suplício.

Ao atravessar a rua, lembrou-se que não cumprira todos os ritos a que estava acostumado. “Bah! Voltar pra quê? Amanhã eu passo lá.” Namorava um som há dois anos. Obviamente não era sempre o mesmo aparelho, mas fazia planos em comprar um para si desde o falecimento do anterior. Ficava olhando pelas vitrines, comprava revistas, lia tudo que saía publicado e trocava o modelo de seus sonhos de acordo com as dívidas e os lançamentos.

“Que falta faz a Som Três…”

Ele cumpria esse ritual diário religiosamente. Saltava antes da Santa Clara, paquerava o som pela vitrine da Modern Soud, eventualmente comprava um CD ou uma camiseta por lá mesmo. Sabia que poderia pagar a metade do preço de qualquer um desses ítens se comprasse no centro, mas achava que assim pagaria um dízimo de fidelidade nesse templo do estilo e culto à boa música, como um clube de milhagem no céu dos aparelhos de som de alta sofisticação e sensibilidade.

Após a oração no templo, partia na sua perigrinação, no seu caminho de São Tiago pessoal. Da Barata Ribeiro, descia pela Santa Clara, parava na banca de jornais na esquina com a Nossa Senhora de Copacabana, procurava por uma publicação nova ou algum artigo em uma outra revista. Quando achava tentava ler ali mesmo, de pé. Se não conseguia, planejava economizar em um almoço ou dois para comprá-la no fim de semana. Ia andando até a Domingos Ferreira, passando por livrarias decadentes e bares idem. Comia um croquete ou um pastel quando tinha um troco e chegava em casa cansado e baldado, mas sempre esperançoso.

Mas nesse dia, não cumprira o seu pequeno ritual.

“Bah! Voltar pra quê? Amanhã eu passo lá.”

Ao atravessar a Santa Clara – para trocar de calçada – notou um despacho na encruzilhada. Nada demais até aí, sempre tem alguma macumba espalhada nas árvores de Copa. Notou o ebó. Dois pombos. “Epa hei!” disse para si mesmo “Axé, meu pai!” Uma trovoada vibrou o céu em cima da cabeça dele e o dia virou noite de relance. “Tá certo. Eu nunca trago um guarda-chuva mesmo. Tinha de chover hoje.” Correu para a marquise enquanto o ar tornava-se mais úmido que um urinol. No tempinho que esperava a chuva de verão passar, olhou com um pouco mais de interesse para o pote com farofa e duas pombas mortas. Lembrou-se que os pombos eram usados como sacrifício para os judeus, no dia do corte do prepúcio, se não estava enganado. E vacas para Odin no equinócio de inverno, ou seria no solstício de verão.

Sentiu-se cercado pelos deuses do passado e imaginou fadas mercuriais passando pelos fios de cobre dos postes, criaturas feéricas habitando os esgotos, espíritos construtores nos alicerces dos prédios e sílfides etéreas nos aparelhos de som.

Tomado por um medo ancestral, atravessou as ruas no meio da chuva, correndo entre os carros e voltou no seu templo de dedicação para prostar-se na vitrine e admirar as relíquias que queria trazer para sua casa. Caixas de som de mogno. “Salve os espíritos da madeira e os padroeiros das montadoras!” Auto-falantes alemães. “Salve os gnomos importadores e os deuses do magneto!” Amplificador francês…

“Oi. Você vem sempre aqui, não é? Por que não entra?” Virou-se e deparou-se com uma mulher alta, de cabelos escorridos, como se estivessem molhados. Dã! Estava chovendo, né? Linda ela, não? E que olhos profundos. Parecia que varavam sua alma. Ela fechou o guarda-chuva que usava, limpou os pés, digo, a sola dos tênis que usava no carpete de entrada da loja e dirigiu-se a ele.

“Vai entrar ou não? Vamos! Eu te pago um café! Tem um café aqui, né?” Beliscou-se. “Salve os demônios dos ferormônios.” Falou baixinho e ela não conseguiu conter um riso debochado. Sentaram-se e conversaram um bocado. Seis cafés e dois sanduíches depois ele descobriu que ela estava de mudança para São Paulo mas ainda iria ficar umas duas semanas no Rio. “Preciso do Sol e do Mar. Aquele me faz falta e este precisa de mim.” “As marés né?” “É.”

A chuva passara mas a conversa no café não. Ele contou do trabalho insosso e frustrante que tinha e dos sonhos e da vida inócua, medíocre. “Não é ruim ser medíocre.” “Como assim não é ruim?” “Não é ruim. É médio.” “Verdade.” “As pessoas é que querem ser reis o tempo inteiro. Não dá, né?” “Qual o seu signo?” “Câncer.” “Óbvio, né?” “Sim.” “Você é de Peixes, não é mesmo?” “Sim.” Ela passou a mão no rosto gelado dele. “Que besteira a minha! Aqui está um frio danado.” “O café esquenta.” “Mas não cura a gripe que você vai pegar.” “Não fico doente.” “Nem eu, mas isso não é desculpa.” “Vou pra casa agora que a chuva passou.” “Está bem. Você tem o meu telefone?” “Tenho sim.” “Me liga. Vou embora no fim da semana que vem.”

Ele assentiu e se levantou para ir para casa.

música… é alegria!!

IT’s D&DDDDDDDDDDDDDDDDDDD!
By Steven Lynch

I’ve got a 12-sided die and I’m ready to roll
With the wizard and my goblin crew
My friends are coming over to my mom’s basement
Bringing Fun-Yuns and the Mountain Dew
I’ve got a big broad sword made out of cardboard
And the stereo’s a pumpin’ Zepplin
It’s that time of the night
We turn on the blacklight
And let the Dungeons and the Dragons begin!

*It’s D&D*
Fighting with the legends of yore
*It’s D&D*
Never kissed a lady before

Now the Lord of the Rings and Dark Crystal and things
We use these as a reference tool
And when we put on our cloaks and tell warlock jokes
We’re the coolest kids in the school
(No we’re not.)
(I know.)

Now Tak’s a real bastard, but a fair Dungeon Master
Has hit points and Charisma to lend
And I rehearse in my room, or what I call the “Dragon’s Tomb”
When I’m not out with my girlfriend!

*It’s D&-*
Woah, woah, woah. You’ve got a girlfriend?
Yeah, yeah…no.

*It’s D&D*
Warriors who terrify
*It’s D&D*
Virgins till the day we die!