Sobre mim

Sou Zander Catta Preta

Sou um mistério em livro aberto; uma farsa, um travesti pós moderno (e cobro em euros). Não sou feito de razões, estas deixo para pagar as minhas contas, o que tenho para o mundo é a veia aberta, o meu core sangrado e exposto.

Estou na minha quinta década de vida e conto as histórias que vivi como se fosse de outrem, e as histórias dos outros como se fossem minhas. Revelo o patético, o humano, o carnal das relações mais inocentes. Não há inocência.

Sou um sátiro: fato, não consigo me conter nas minhas próprias palavras, tenho de vivê-las ainda que me esquive das armadilhas, de ser capturado pela luxúria e lascívia e deixar ser levado pelas torrentes de prazer.

Eu era alguém até ontem. Desde o nascimento fui diversas pessoas, personagens, criaturas. O dado é que não quero ser coisa alguma. Estou sendo. Sou transitório, imperene, diáfano e efêmero.

Ou não.
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Declaração de princípios (ou princípio das declarações!)

Amigos, sou ateu agnóstico (jura que vocês irão entrar nessa seara?) mas sou totalmente interessado em cultos, religiões e superstições, por mais irracionais que sejam. Reconheço as diversas manifestações de fé como forma extrema de expressão da humanidade — pro bem ou para o mal — e admiro-as todas mas isto não quer dizer que eu não ache sacrifícios humanos legais ou homeopatia uma forma legítima de tratamento, por exemplo. Há limites para essa manifestações de fé.

Minha tendência política é de esquerda, mas nada totalitária. A pior democracia é sempre melhor que a melhor ditadura (ou monarquia) e cada vez mais escolho partidos ou candidatos a partir das bandeiras que defendo e acredito. Porém, cada vez menos creio em modelos que não sejam baseados na realidade. Fujo das utopias. O idealista é alguém que não quer viver no mundo. Eu quero. E isto serve também para os miguxos capitalistas, ancaps, libertários e afins. Sanity check, please!

Não acho que a ditadura (branda? não me venha com essa!) foi boa em nível algum de argumento. Nenhuma ditadura se justifica. Nenhuma. N-E-N-H-U-M-A.

Alguns governos fazem merda, outros mais merda, mas não acho que inocentes cheguem ao poder e que isso implique naquilo. O poder corrompe sempre e as leis servem para mitigar isso. Há três formas de se chegar ao poder e nós, brasileiros, teimamos em preferir a do “jogo jogado”. Lidemos com isso de forma adulta, por favor. Da mesma forma, mudar uma regra do jogo ou espiar uma falha nas regras apenas — e tão apenas — porque algo não lhe agrada equivale a chutar a bola de campo só porque não conseguiu fazer um gol. É infantil e tudo indica que nossa política ainda não consegue sair do playground. Infelizmente

Política para mim não é como time de futebol. Posso até simpatizar por uma “camisa”, mas não faço deste ou aquele grupo alvo de minha adoração ou profissão de fé. Acredito absolutamente que seres humanos são falíveis e que são passíveis de erro em tudo, até mesmo na política. O problema é que a pessoa pública não tem apenas que ser honesta, tem que aparentar ser honesta. Não torço para um ou outro candidato nem gosto de espezinhar A ou B partido, mas às vezes fica difícil manter a coerência e tem horas que…

Direitos humanos são para proteger o indivíduo (todos os indivíduos, todos nós!) dos excessos do Estado e não apenas “para defender bandido”. Quem não entende esse princípio básico, por favor, peço que educadamente me ignore ou me bloqueie porque aí cruza-se uma linha definitiva.

Não acho que polícia deve matar bandido ou reprimir manifestação pública. Polícia serve para agir — com força, por vezes; com violência até, se for para salvar vidas — para fazer valer a lei e a lei não permite que se mate ou destrua, a priori. Polícia tem que fazer valer a lei com inteligência, por mais paradoxal que isso possa parecer. Também acho que a polícia tem que fazer papel de polícia e o cidadão, mesmo com o direito de voz de prisão garantido pela constituição, não deve tomar a justiça nas próprias mãos em hipótese alguma. O contrário disso é assumir que alguns podem “mais” que outros, que temos uma casta que poderia matar e infringir a lei a seu bel-prazer. Isto é inadmissível em um estado de direito.

Sou a favor da escolha pelo aborto até o terceiro mês de gravidez (às vezes penso se não poderia ser extensivo até à adolescência, mas logo passa) porém entendo que não é uma solução simples ou simplista para nenhum dos lados. Entendo e respeito os dilemas morais e éticos envolvidos aí, mas este é o meu ponto.

Sou totalmente a favor de cotas e bolsa família e outras ações que façam sair dinheiro do estado e que vá direto para os indivíduos de forma clara, direta e simples e entendo que há argumentações boas contra essas ações afirmativas. Não, ainda não as vi aqui na minha timeline e já faz tempo que posto esta declaração. Se alguém quiser me apresenta-las, agradeço, mas peço que faça a lição de casa direitinho e não repita abobrinhas sem embasamento. Inclusive, amiguinhos capitalistas, essa forma de inclusão é a mais liberal e economicamente interessante do momento.

Sou (mais) hétero (que não) e a favor dos direitos GLBT. E a favor das ações feministas. E a favor de ações afirmativas raciais. E das manifestações públicas, na rua, independente do viés político. A rua é um espaço coletivo, de todos os credos, culturas e vozes. E tenho todo o problema do mundo em ler falácias como “racismo reverso”, “alimentar vagabundo” e “feminismo feminino”, mas também acho que quem já vem com essa “argumentação” sequer vai querer entender que está falando merda. Novamente, tendo a respeitar as ideias no vetor oposto aos meus, desde que embasadas e bem construídas. Do contrário, desprezo solenemente.

Às vezes me poupo de dizer coisas que podem ser buscadas com um Google. É grosseiro, eu sei, mas não quero mais explicar o que é facilmente informável. Às vezes faço o contrário e tomo um tom pernóstico, professoral ou arrogante. Isto é ruim, eu sei, mas a defesa de um nerd é sempre a petulância. Isso se aplica a termos e expressões ‘fora do comum’, sou pernóstico, não nego e não pretendo mudar isso, mas a preguiça de procurar um termo com clique do mouse não justifica o desconhecimento de um léxico: aumentemos nossos arcabouços vernaculares, por obséquio.

Não tolero erros de português (inclusive os meus!) porque considero o uso da língua a ferramenta primeira para exprimir ideias, a inteligência, o raciocínio. Mas não é porque alguém não domina a ferramenta é que se torna mais burra ou estúpida. Não saber escrever significa apenas isso: que a pessoa não sabe escrever. Agora, não saber pensar coloca o outro em outra classe. Conheço algumas cavalgaduras que são mestres na uso Flor do Lácio e, inclusive, ganham dinheiro com isso. Em tempo: podem me corrigir quando oportuno, mas entendam o contexto do que é e como foi escrito.

Acho que está claro, mas é bom reforçar: acima de tudo, gosto de gente que pensa diferente de mim. Aliás gosto de gente que pensa diametralmente o oposto disso tudo aí. Os argumentos delas servem para me ajudar a reforçar minhas ideias ou para remontá-las em novo terreno, em novos alicerces. Por vezes decido algo pela turma que apoia (ou discorda) desse algo. Por vezes até mesmo mudo de ideias. Vai que…

Só que pensar diferente não é vomitar um texto acéfalo ou repetir um discurso de youtube. É argumentar. Concatenar fatos, causas e efeitos. Apresentar um ponto de vista inédito ou que não fora antes analisado. Se for para ficar com o discurso comprado em papel jornal ou embalado em raios catódicos, prefiro ficar com os meus. Ainda que forjados nos tempos de AMES, UBES e DCEs da vida.

E se isso tudo (ou algo disso) lhe incomoda ou lhe faz pensar imediatamente em “petralha”, “esquerdinha”, “lacaio de mulher”, “culpa de classe média”, “esquerda caviar”, peço-lhe encarecidamente: deixe de me seguir ou bloqueie e cancele a nossa ‘amizade’ dessa rede social digital (quiçá na real). O que publico neste espaço é diretamente vinculado aos conceitos acima apresentados. Poupe-se de irritações e a mim de ler algo que não acrescenta, não ajuda a evoluir ou a pensar.

Aos amigos que sabem disso tudo aí em cima mas se incomodam com o proselitismo ou ativismo que faço nesta “rede social”, um convite: vamos beber e nos encontrar mais. O olho no olho derrete muita coisa que se congela no digital.

Grato, a gerência

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