Eu gosto de pensar que a vida é cíclica, que as coisas funcionam de acordo com alguma ordem pitagórica, arcana, e eu costumo ver (ou imaginar) uma repetição em alguns padrões.
Com as fodas, eu gosto de imaginar os ciclos em três noites, três eventos, três coitos.
A primeira foda é a da descoberta. Não tem aviso: nunca se sabe se a moça está de fato a fim de praticar o arcaico esporte bretão ou não. Se é daquelas que sabe bem que sexo é divertido, atlético, lúdico ou se é uma das que gosta de romance, de olhinhos virados pro alto quando o moço diz que escreve poesia e que pinta aquarelas.
Normalmente, essa foda é urgente, desesperada. É pura explosão, desastre, acidente, gozo desvairado, afobado, dedos intrometidos, nãos ditos com vontade de sins, bocas arritimadas e uma sucessiva quebra dos protocolos de decoro público.
Normalmente é maravilhosa ou ridícula. Dificilmente fica no meio-termo.
A segunda trepada (se houver) é aquela combinadinha. “Eu te ligo e depois esticamos” ou “passa aqui em casa, estou meio com preguiça de ir para a rua” ou ainda “eu fiz um prato sensacional hoje, pensei em você para jantar comigo”. Todos ali já sabem o que irá acontecer e a coisa flui num outro ritmo.
A segunda é uma coisa de língua exploradora, mão precisa, toques estratégicos, paciência até chegar ao quarto, dedos melhor colocados, músicas no fundo do ambiente, convesas durante todo o tempo que se consegue articular algo.
Obviamente eles ficam pelados na maior parte do tempo e são discretos até os berros e gemidos exagerados, ao gosto de cada um.
Na terceira é que se decide se haverá a segunda novamente ou não. É a “prova final” do relacionamento que se rascunha. Mas, na norma, é expectativa da próxima vez de um lado, e olhar triste de “finitum est” do outro.